Está na hora de vos contar uma história aterradora; daquelas que nos faz tremer e bater os dentes; daquelas que nos fará recuar por vários milénios, até ao tempo dos feiticeiros e dos mamutes, dos homens das cavernas e dos dólmenes, menires e outras coisas estranhas que tais... Estão preparados para a ouvir? Então sentem-se à volta da fogueira, puxem dumas
mines e de umas almofadas (para mais tarde não se queixarem com dores aí ao fundo das costas), e escutem (neste caso, leiam) com muita atenção!
Era uma vez uma tribo que vivia ali para os lados de Vouzela (naquele tempo não lhe chamavam assim, mas utilizo aqui quer os nomes actuais quer o nosso Português corrente para vos contar esta história, porque eles, naquele tempo, não falavam a língua de Camões mas se eu vos falasse na sua estranha linguagem, vocês não entenderiam nada!), nos arredores de Joana Martins, e que se dedicava à caça e ao pastoreio... Bom, alguns deles também se dedicavam à pesca, pois desde tempos remotos que há sempre quem se dedique à pesca!
Mas, dizia eu, aquela tribo tinha um chefe (há sempre um chefe nestas tribos) e, claro, um
feiticeiro (ahá! O feiticeiro já apareceu! E se vos disser que eles caçavam
mamutes, então já temos dois dos elementos por mim referidos no início)... Esta tribo era constituída, na sua grande maioria, por
homens das cavernas (notem o terceiro elemento!), mas também existia ali um homem bem barbudo e com uns dentes negros, mas tão negros, que ao pé deles o Michael Jackson nunca teria enveredado pelas suas tentativas de branqueamento da pele! Este homem era o Óbelix lá do sítio, pois a sua profissão era construtor de
antas e menires (e
prontes, fechou-se o ciclo! Já apresentei todos os elementos referidos no início. Já poderei dar por concluída a história. Mas, como sou um gajo porreiro, ainda vos acrescento algumas linhas mais. Ei-las):
O construtor de menires resolveu pegar no seu escopro e no martelo (naquele tempo não os havia, mas ele tinha assim como que umas pedras compridas e aguçadas numa das pontas, batendo no outro topo com uma pedra redonda) e, deixando Covas para trás (relembro mais uma vez que o lugar de Covas, naquele tempo, teria outro nome!), seguiu por um trilho na disposição de esculpir o seu maior menir de todos os tempos ali no lugar de Bicão dos Conqueiros... (já acrescentei algumas linhas pelo que já não conto mais nada. Agora, quem quiser conhecer o menir, terá que ir até àqueles lados e rezarem com muita convicção na esperança de o conseguir encontrar!)
E agora, vamos às imagens que ilustram este que foi um dos melhores percursos desta temporada! Apreciem... Ah! Mas mantenham-se sentados confortavelmente, pois vão ser muitas... mesmo muitas... Assim tipo, muitas!
...Figura_01: A fotografia inicial de grupo, como é da praxe!
...Figura_02: A mesma fotografia mas com novas posições. Ah! E falta uma pessoa. Tentem adivinhar quem!
...Figura_03: A caminhada iniciou-se nesta magnífica mata (com parque de merendas)
...Figura_04: Enquanto os nossos carros ficaram a descansar nesta sombra (o Fofocus em grande estilo!)
...Figura_05: Esta era a paisagem com que começámos o nosso percurso.
...Figura_06: Seguimos para Adsamo (Alternativa 2), a 6 km deste ponto...
...Figura_07: Deixando o parque de merendas e as nossas viaturas 600 metros para trás.
...Figura_08: O primeiro troço apresentava-se verdejante...
...Figura_09: Proporcionando-nos imagens de grande beleza!
...Figura_10: Pessoalmente adoro percursos por entre rochas e rochedos...
...Figura_11: Seguiu-se uma parte por alcatrão, mas que nem assim retirou encanto ao trilho!
...Figura_12: Proporcionando-nos alguns "encontros imediatos"...
...Figura_13: Depois do alcatrão regressou o trilho em terra.
...Figura_14: Proporcionando-nos novos "encontros imediatos" (desta feita com uma cerejeira)...
...Figura_15: Ainda não percebi se este efeito foi causado pela trovoada que ribombava nas nuvens altas ou se pelas cerejas comidas...
...Figura_16: Presto agora uma justa homenagem à Liliana, que fez todo este percurso com um pé ligado por o ter torcido na véspera...
...Figura_17: Quando alguém ficava para trás o resto do pessoal aguardava, até nos reunirmos todos de novo (não é isto o espírito de grupo que move esta equipa?)
...Figura_18: No céu, as nuvens erguiam-se pretas e ameaçadoras, com Zeus (ou Júpiter) a lançar os seus raios sobre a Terra, procurando dissuadir-nos de avançar (sabiam que os lugares mais perigosos para se estar durante uma trovoada são a serra e a floresta... e nós reuníamos as duas num só pacote!)
...Figura_19: Mas nem Zeus nem o bom senso nos fez desistir, seguindo sempre em frente, sempre mais alto...
...Figura_20: Bom, não tão alto quanto aquele avião que acabara de se esconder por detrás das nuvens altas...
...Figura_21: A confiança foi crescendo à medida que a trovoada nos ia rodeando sem nunca se abater sobre nós!
...Figura_22: A paisagem partilhava connosco uns fetos verdejantes...
...Figura_23: Mas, à medida que subíamos, a paisagem ia mudando, revelando ares mais serranos.
...Figura_24: O parque de merendas ficara já 6695 metros para trás, seguindo nós agora para Covas, distante a 1225 metros daquele ponto.
...Figura_25: E foi ali em Covas que vimos a primeira indicação para o mui famoso menir do Bicão dos Conqueiros, a 1267 metros de distância.
...Figura_26: Reunimos em jeito de conclave, procurando decidir o que fazer...
...Figura_27: Auscultando o feiticeiro que se encontrava mais próximo (bom, na falta de feiticeiro, tivemos que nos contentar com um mágico...)
...Figura_28: Que decidiu acertadamente e disse, assim ao estilo do novo tréiler dos Gatos Fedorentos: "O maior tem fome. Vamos comer!"
...Figura_29: Barriguinha mais composta, lá fomos no encalço do tal menir. Pelo caminho ainda subimos a uns rochedos...
...Figura_30: Claro que segui logo atrás do Ângelo, ou não fossemos nós malucos por trepar àqueles rochedos e apreciar as vistas que se nos mostravam...
...Figura_31: Partilho convosco a magnífica paisagem que dali usufruía...
...Figura_32: Mas o objectivo era encontrarmos o menir, pelo que nos pusemos de novo a caminho, seguindo por uma estrada que nos fazia lembrar a Via Ápia romana...
...Figura_33: Alguns metros mais à frente a vegetação ameaçava invadir o caminho.
...Figura_34: Mas, quais intrépidos exploradores, seguimos confiantes pelo trilho que nos surgia.
...Figura_35: E nem mesmo quando a vegetação TOMOU MESMO conta do caminho nos fez desistir dos nossos intentos de encontrar o menir do Bicão dos Conqueiros.
...Figura_36: O ânimo era elevado, comigo e com o Ângelo a fechar o pelotão.
...Figura_37: Finalmente o caminho abria-se perante nós, permitindo-nos olhar em volta à procura do nosso "objectivo empedrado"...
...Figura_38: Esperançados, vimos alguns amontoados rochosos que poderiam muito bem ser o nosso menir...
...Figura_39: No entanto, com a sabedoria que se reconhece a todos os feiticeiros (lembrem-se! Neste caso era O mágico...), de imediato confirmei ainda não ser o nosso menir...
...Figura_40: Nem tão pouco este símbolo semi-fálico que também por ali encontrámos...
...Figura_41: Claro que alguns de nós, confiantes na sua masculinidade, logo ali foram agradecer aos deuses as graças que lhes haviam sido concedidas...
...Figura_42: Desanimados por não encontrarmos o menir perdido, regressámos estrada afora (ahá! Finalmente consegui introduzir uma das minhas palavras favoritas...)
...Figura_43: Passámos de novo por Covas, retomando o percurso pelo seu trilho normal.
...Figura_44: Sempre orientados pelo pau mais famoso de toda a história da humanidade...
...Figura_45: Bom, confesso, também guiados pelas "modernas mariolas"...
...Figura_46: Felizmente sempre presentes em praticamente todo o percurso... com excepção da parte até ao Menir Perdido...
...Figura_47: O percurso continuava por caminhos entre muros em pedra...
...Figura_48: E muito mato à mistura, lembrando-nos que, se o mesmo não for limpo nos próximos meses, a Natureza encarregar-se-á de o fazer (infelizmente muitas vezes recorrendo a mãos criminosas e incendiárias, com consequências por vezes desastrosas)...
...Figura_49: Frustrados pelo desencontro com o Sr. Menir, procurámos pelo Dólmen da Malhada do Cambarinho que era assinalado a 500 metros dali...
...Figura_50: Pelo caminho ainda encontrámos o que terá sido uma anta funerária, com o Carlos a explicar-nos como aquelas coisas funcionavam naqueles tempos remotos.
...Figura_51: Felizmente o Dólmen da Malhada do Cambarinho não se portou tão mal quanto o Menir do Bicão dos Conqueiros e compareceu ao encontro (confesso que cheguei a temer outra desilusão, até porque não se pode confiar, hoje em dia, em coisas com nomes destes: "Cambarinhos", "Bicão", "Conqueiros"... qu'é qu'é isto?).
...Figura_52: Ali ao lado logo tivemos a "explicação científica" pela voz de uma moradora de Joana Martins em actividades de pastoreio, que nos contou o que os seus pais lhe contaram, que os avós lhes tinham dito... e por aí fora. Ah! E também nos explicou o nome de "Joana Martins" (a D. Joana que casou com o Sr. Martins e foram viver em tal sítio!)
...Figura_53: A Margarida também quis experimentar o papel de "N. Sra. dos Montes"...
...Figura_54: Enquanto a Filipa optou por uma versão mais... à pastora!
...Figura_55: O Ângelo e eu preparámo-nos para a foto de grupo ali no Dólmen, discutindo a táctica do "tudo ao monte"...
...Figura_56: E porque a minha máquina fotográfica é muito sensível ao que lhe dizem, não gostou da observação feita pelo Ângelo em como a dele era melhor. Consequência: "retirou-o" da foto por ela tirada (sorry, Ângelo!).
...Figura_57: Chegámos a nova encruzilhada, mas o nosso destino estava traçado: regresso ao Parque de Merendas, com passagem pela "pedra em forma de nau"...
...Figura_58: Seguimos, pois, ordeiramente, rumo à belíssima mata que me fez recordar a "Mata de Albergaria" (Gerês).
...Figura_59: Lá dentro, deparámo-nos com um solo repleto de pequenas e belas pinhas (daquelas mesmo ao jeito que a Zé tanto gosta!)
...Figura_60: Chegámos à "Pia da Barca", um grande rochedo em forma de barcaça onde, soubemos, faziam as matanças dos grandes animais para aproveitarem o seu sangue (que ficaria ali retido devido ao seu formato côncavo).
...Figura_61: Vista por este ângulo, já parece mais uma verdadeira barca que funcionava como pia...
...Figura_62: O clima era propício para, mesmo sem "sacrifícios animais", se proceder a momentos de meditação...
...Figura_63: E lá fomos nós, em mais um desvio, espreitar ao cimo das rochas...
...Figura_64: Mais uma vez aquela paisagem era convidativa para orações e rezas...
...Figura_65: E por detrás destas pedras o Parque de Merendas já nos espreitava, onde os nossos carros nos aguardavam pacientemente para nos trazer a casa... E desta vez, porque a Telma tinha compromissos, sem tempo para as tradicionais
mines finais... :-(
Ufa! Eu tinha avisado. Espero que tenham cumprido as minhas instruções iniciais e se tenham munido de stock suficiente de cervejas (e de uma almofada confortável) para esta compridíssima publicação. Mas foi esta a (triste) história que ficou conhecida naquelas bandas por... "Os Tocacaminhar-Jones em Busca do Menir Perdido". Fiquem bem!
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