11 de agosto de 2012

Ex.mo Sr. Presidente da República, Sr. Dr. Aníbal Cavaco Silva

Pois é! Perdoem-me os mais sensíveis e envergonhados, mas não resisti a reenviar todo este texto para o nosso digníssimo Presidente da República, para ver se ele dá um valente puxão de orelhas a todos os nossos políticos... ele incluído! Se é verdade que a verdadeira crise começou logo com a chegada das "vacas gordas" e os muitos subsídios da antiga CEE, que encheram os bolsos de muitos dos nossos dirigentes e empresários (e com isso permitiu a constituição dos muitos lobbies que vão mandando um pouco (ou muito?) no nosso país, e, portanto, com o nosso actual Presidente (na altura Primeiro Ministro), também é verdade que os dirigentes que se lhe seguiram "apenas" deram continuidade a essa política desastrosa que nos conduziu até aos dias de hoje. E este caminho é inevitável? Talvez... Mas também diziam o mesmo em França (com o anterior Presidente, o digníssimo Sr. Sarkozy), e que o actual presidente, François Hollande, não teria qualquer hipótese senão dar prossecução a essa política de pura austeridade e "aperto do cinto", retirando cada vez mais poder de compra ao comum dos cidadãos (não sou economista, mas parece-me muito lógico que estas medidas apenas contribuem para a quebra na procura, resultando na necessidade de menor oferta... fecho de empresas produtivas por falta de escoamento... despedimentos colectivos... ainda menos gente a comprar por falta de meios financeiros... mais fechos... Onde tenho estado a ver isto?). Mas, o que é certo, é que nestes poucos meses da sua governação, França saiu já da sua situação pré-crise e juntou-se à Alemanha no restrito grupo dos que vendem dívida soberana... e os compradores é que lhes pagam juros para a comprarem! E que terá feito este digníssimo homem? Ao que consta terá sido tão "somente": - Suprimiu 100% dos carros oficiais e mandou que fossem leiloados; os rendimentos destinam-se ao Fundo da Previdência e destina-se a ser distribuído pelas regiões com maior número de centros urbanos com os subúrbios mais ruinosos. - Tornou a enviar um documento (doze linhas) para todos os órgãos estaduais que dependem do governo central em que comunicou a abolição do "carro da empresa" provocativa e desafiadora, quase a insultar os altos funcionários, com frases como "se um executivo que ganha 650.000 Euros / ano, não se pode dar ao luxo de comprar um bom carro com o seu rendimento do trabalho, significa que é muito ambicioso, é estúpido, ou desonesto. A nação não precisa de nenhuma dessas três figuras " . Fora os Peugeot e os Citroen. 345 milhões de euros foram salvos imediatamente e transferidos para criar (a abrir em 15 ago 2012) 175 institutos de pesquisa científica avançada de alta tecnologia, assumindo o emprego de 2560 desempregados jovens cientistas "para aumentar a competitividade e produtividade da nação." - Aboliu o conceito de paraíso fiscal (definido "socialmente imoral") e emitiu um decreto presidencial que cria uma taxa de emergência de aumento de 75% em impostos para todas as famílias, líquidas, que ganham mais de 5 milhões de euros/ano. Com esse dinheiro (mantendo assim o pacto fiscal) sem afetar um euro do orçamento, contratou 59.870 diplomados desempregados , dos quais 6.900 a partir de 1 de julho de 2012, e depois outros 12.500 em 01 de setembro, como professores na educação pública. - Privou a Igreja de subsídios estatais no valor de 2,3 milhões de euros que financiavam exclusivas escolas privadas, e pôs em marcha (com esse dinheiro) um plano para a construção de 4.500 creches e 3.700 escolas primárias, a partir dum plano de recuperação para o investimento em infra-estrutura nacional. - Estabeleceu um "bónus-cultura" presidencial, um mecanismo que permite a qualquer pessoa pagar zero de impostos se se estabelece como uma cooperativa e abrir uma livraria independente contratando, pelo menos, dois licenciados desempregados a partir da lista de desempregados, a fim de economizar dinheiro dos gastos públicos e contribuir para uma contribuição mínima para o emprego e o relançamento de novas posições sociais. - Aboliu todos os subsídios do governo para revistas, fundações e editoras, substituindo-os por comissões de "empreendedores estatais" que financiam acções de actividades culturais com base na apresentação de planos de negócios relativos a estratégias de marketing avançados. - Lançou um processo muito complexo que dá aos bancos uma escolha (sem impostos): Quem porporcione empréstimos bonificados às empresas francesas que produzem bens recebe benefícios fiscais, quem oferece instrumentos financeiros paga uma taxa adicional: é pegar ou sair. - Reduzido em 25% o salário de todos os funcionários do governo, 32% de todos os deputados e 40% de todos os altos funcionários públicos que ganham mais de ? 800.000 por ano. Com essa quantidade (cerca de 4 milhões) criou um fundo que dá garantias de bem-estar para "mães solteiras" em difíceis condições financeiras que garantam um salário mensal por um período de cinco anos, até que a criança vai à escola primária e três anos se a criança é mais velha. Tudo isso sem alterar o equilíbrio do orçamento. Resultado: Olhem que SURPRESA! * O spread com títulos alemães caiu, por magia. * A inflação não aumentou. * A competitividade da produtividade nacional aumentou no mês de junho, pela primeira vez em três anos. Difícil de aplicar em Portugal? Claro! Quem, dos nossos políticos, seria capaz de abdicar das suas imensas mordomias e cargos de CEO de grandes empresas, para onde não precisam de apresentar credenciais... mas apenas o seu cartão de filiação política! Até hoje, só ouvi um político a colocar dedo na ferida - o meu amigo Paulo Morais. Só por isso, merecia vir a ser Presidente da República!