DOENÇA ONCOLÓGICA - O nosso (humilde) contributo para levarmos a melhor!
Pois é. Inspirado por mais um comentário de uma leitora deste blog - ver comentário à publicação de 3 de Outubro (obrigado, Manuela!) - optei hoje por fazer uma nova publicação mais séria, onde procuro descrever um pouco as várias fases pelas quais um doente oncológico normalmente passa. Obviamente que não pretendo ser exaustivo nem tão pouco abranger todos aqueles que, como eu, passa(ra)m por uma situação desta gravidade, mas tão somente dar o tal "humilde contributo" que a experiência de quem sofreu na pele algumas destas fases poderá ajudar a novos "doentes" ultrapassar mais facilmente cada uma dessas mesmas fases. A todos os leitores que procuram uma publicação descontraída, passem esta à frente! Aos que procurem saber algo mais sobre essa doença terrível que é O CANCRO, dediquem algum tempo e leiam.
Irei seguidamente descrever algumas das fases mais importantes por que passamos em todo este processo.
FASE 1 - A DESCOBERTA DA DOENÇA ONCOLÓGICA
Esta é uma das fases mais complicadas quer para o doente quer para os seus familiares mais directos. Toda a gente fala que um primeiro passo para a cura de um cancro passa pela sua detecção precoce. Infelizmente, tal nem sempre é possível, até porque esta é uma doença chamada de "silenciosa", pois ataca-nos sem aviso prévio ou grandes sinais reveladores. É verdade que, estando atentos, poderemos desconfiar de algo. Mas a realidade é bem diferente! Nunca acreditamos que connosco tal estará a acontecer, e sempre acreditamos que nada se passa.
Por exemplo, no meu caso, a detecção foi efectuada por uma colonoscopia que realizei apenas para assegurar que a minha "maridona" a fosse realizar. Ou seja, desconfiado de algo de mau nela, procurámos dar força um ao outro e fomos os dois (apesar dela se ter apercebido de algumas alterações funcionais em mim, mas isso apenas pela enorme cumplicidade que sempre tivemos... e eu, confesso, não me apercebia delas). Por exemplo: suores noturnos, a ponto de me mudar de camisolas interiores 3 vezes por noite, completamente encharcadas; ou a dificuldade no acto de defecar, com a sensação de "não alívio" sistemático; o aparecimento de "manchas escuras" nas fezes, que parecia sangue e que o teste de detecção de "sangue oculto" deu sempre como negativo... Resultado: felizmente ela estava bem e eu tinha um enorme pólipo quase a obstruir o intestino. Sorte? Sim, foi... Mais algum tempo e teria sido tarde de mais!
Depois de descobrirmos que algo de mau estaria ali no meu intestino, entrámos na Fase 2.
FASE 2 - COMO É POSSÍVEL ESTAR A ACONTECER COMIGO?
Esta é a fase da incredulidade. "Não! Isto não pode estar a acontecer... Porquê eu?" Quando nos é confirmado o diagnóstico de um tumor, parece que o mundo nos desaba em cima. Aqueles primeiros momentos são de verdadeiro terror e de pânico. É aqui que deveremos buscar todas as forças a tudo o que nos rodeia - o/a companheiro/a, os amigos, a beleza da vida, a magnificência da Natureza... Tudo serve. Basta pensarmos: não! Ainda não pode ter chegado a minha hora, pois ainda temos muito para usufruir e oferecer à VIDA! Entramos, pois, na Fase 3.
FASE 3 - A REACÇÃO
No meu caso, ainda sem saber se o pólipo seria maligno, foi-nos logo indicado que teria que sofrer cirurgia para remover, dada a sua dimensão. Era hora de reagirmos à notícia. O primeiro passo sugerido é o de procurar pessoas que tenham passado por experiências análogas, a fim de nos darem os seus conselhos e sugestões. Destes contactos rapidamente se avança para o inevitável - encontrar o mecanismo mais rápido e eficaz para nos ajudar a passar à fase seguinte. E aqui RAPIDEZ pode ser palavra chave. A minha sugestão passa sempre por tentar várias opções - idealmente um IPO, dada a sua especialização no tema, ou um Hospital Distrital que abarque a especialidade do nosso tumor. Poderemos também sempre tentar hospitais privados, desde que tenhamos dinheiro para suportar as despesas e sempre que os públicos nos demorem demasiado a consultar e tratar. E, como disse antes, aqui a RAPIDEZ do processo pode ser (é!) crucial... Entramos, pois, na Fase seguinte.
FASE 4 - A LUTA
Esta é a fase principal de todo o processo - aquela que dita a nossa salvação (e reparem que não coloco a hipótese de "algo correr mal"! Isso é coisa que nunca, repito: NUNCA! nos pode passar pela cabeça. Pensamento positivo é a nossa missão. Os médicos deverão realizar a sua tarefa, os medicamentos a sua função e nós a nossa - ACREDITAR SEMPRE!
Entramos, pois, na fase da LUTA sem tréguas ao nosso mal. Para isso deveremos confiar na ciência médica, acreditar que eles farão o seu melhor por nós e avançar para os passos seguintes. No meu caso, acreditava-se que seria uma operação relativamente simples e rápida. Mas a verdade era mais cruel - o tumor havia trespassado as paredes do intestino e estava já aderente à bexiga, por detrás da mesma, facto que não tinha sido detectado pelos exames previamente feitos. Daí avançar para a quimioterapia de remissão, na busca de "zona de cisão", para poder ser operado.
FASE 5 - A SORTE
Pois é! A sorte também entra na nossa luta. Eu tive a sorte de ter ido parar às mãos das pessoas certas! O cirurgião, Dr. José Avelino, verificou o meu estado e, em vez de simplesmente cortar e retirar-me parte do intestino e também parte da bexiga, decidiu que eu deveria ter qualidade de vida. Assim, após a primeira cirurgia, "enviou-me" para a oncologia médica, para os tratamentos de quimioterapia, para que estes me reduzissem a sua dimensão e assim poder efectuar uma segunda cirurgia, esta sim de remoção.
Aqui novamente tive "a sorte" de ir parar às mãos daquela que é ainda hoje a minha oncologista, a Dra. Margarida Teixeira, e já irão perceber porquê. Numa primeira fase do tratamento, a Dra. Margarida optou por iniciar o tratamento com FOLFIRI, decisão que se justificou ter sido acertada, pois ao final de 6 tratamentos, a TAC e uma RM (respectivamente Tomografia Axial Computadorizada e Ressonância Magnética) confirmaram que o tumor havia regredido e que seria possível a operação. 3 tratamentos posteriores e a mesma aconteceu, com sucesso!
Segui para uma nova fase de tratamentos, com a escolha a recair, desta vez, no FOLFOX, e mais uma vez o papel da Dra. Margarida foi preponderante, ao assumir a continuidade dos tratamentos. Ela não desistiu de mim e a prova aqui está - continuo aqui, entrando na nova Fase.
FASE 6 - O ACOMPANHAMENTO POSTERIOR
Se todas as fases descritas são importantes, esta não o é menos. Afinal, esta "doença silenciosa" não é normal, e quando se diz que a cirurgia foi "curativa" não tem o significado que poderemos pensar - não estamos curados! Daí que deveremos ser acompanhados nos anos seguintes, sempre atentos aos valores e sinais que o nosso corpo nos vai revelando, e que nem sempre serão suficientes para nos apercebermos e vencermos em definitivo a doença. Esta fase é também crucial, pois depois de muitos meses (anos mesmo) em que a nossa vida regressa à (aparente) normalidade, subitamente poderemos descobrir que algumas das células que se foram mantendo no nosso corpo, quase inertes, despertam para a sua actividade anormal de crescimento (proliferação descontrolada), formando um novo tumor no mesmo ou noutro orgão qualquer do nosso corpo. E aqui a detecção pronta volta a ser decisiva.
Mais uma vez tive a sorte de, em vez de apenas exames de rotina (como a análise ao sangue e respectivos marcadores tumorais, ou apenas um RX), a minha oncologista solicitou um novo TAC, quase 2 anos depois da minha "operação curativa", que revelou um novo foco tumoral no pulmão direito, comprovado posteriormente por um novo exame: uma PET (Tomografia por Emissão de Positrões, no Inglês, e que também já aqui referi, numa publicação anterior). Ou seja, em vez de receber a mensagem "vamos alargar o tempo de controlo pois já passaram os primeiros 2 anos", recebi a notícia "vamos começar novo processo, pois apareceu um novo cancro" (ou, no meu caso, uma metástase resultante do primeiro).
E pronto, cá estou eu novamente a atacar esta doença, com a força da Fé, da Confiança, dos Amigos e da Esperança em como iremos vencer!
FASE COMPLEMENTAR - A ALIMENTAÇÃO!
Por último, e durante todas estas fases, há algo que também ocorre com praticamente todos os doentes oncológicos, em tratamento de quimio ou radioterapia - a imunodepressão!
E que é isto? Bom, resumidamente consiste no facto dos fármacos (ou a radioterapia) nos "atacarem" também as células essenciais ao nosso sistema imunitário, que nos protegem das inúmeras agressões que, do exterior, sempre procuram invadir-nos o corpo, e com isso ficarmos muito mais expostos a doenças ou infecções.
Outro problema prende-se com os sintomas que os tratamentos nos provocam. Enjôos, vómitos e vários outros sintomas que nos retiram o apetite e nos fazem descurar a alimentação. Só que esta é F U N D A M E N T A L para recuperarmos os valores que se vão abaixo ou, mais simplesmente, para nos protegerem os orgãos que facilmente poderão colapsar com os tratamentos (fígado, rins, coração...).
Aqui a minha maridona desempenhou um papel preponderante - a leitura e a pesquisa constante de informação selectiva, pois há imeeeeeeeensa informação na internet, mas também com o contacto que fez a uma excelente nutricionista especializada nos alimentos adequados aos doentes oncológicos (e que, sem ainda hoje conhecermos pessoalmente, nos prestou sempre ajuda por e-mail, e a quem deixo também aqui, hoje e agora, o meu muito obrigado - Dra. Paula Ravasco), e a literatura que foi procurando e adquirindo.
E com esta literatura conseguiu sempre ajudar-me a não ter "aquele aspecto de um doente oncológico" (cor amarelada, ar de subnutrição, ...), conseguindo ainda ajudar-me a recuperar de valores bem abaixo dos mínimos (exemplo: hemoglobina de 10,1 para os actuais mais de 14! E já com mais de 880 horas de quimio!). Conseguiu ainda ajudar-me a recuperar da intoxicação do fígado, ou da fraqueza que o músculo cardíaco estava a adquirir, com a continuidade dos tratamentos...
Assim, e para ajudar todos aqueles, doentes, familiares ou amigos, eis aqui uma lista dos principais livros que fomos seguindo ao longo deste processo. Que os mesmos vos ajudem como me têm ajudado a mim!
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA PARA AJUDA:
1 - Alimentos Contra o Cancro, de Dr. Richard Béliveau e Dr. Denis Gingras, editado pela Guerra e Paz, Editores SA.;
2 - Top 100 Alimentos para o Sistema Imunitário, de Charlotte Haigh, editado pela Sinais de Fogo;
3 - Guia dos Alimentos Vegetais, de Jean-Claude Rodet, editado pela Gradiva;
4 - O Livro Médico dos Remédios Caseiros para Prevenir Doenças, de coordenação de Hugh O'Neill, editado pelo Círculo de Leitores;
5 - O Poder Curativo dos Alimentos, de Michael T. Murray, também do Círculo de Leitores;
6 - Manual de Preparação de Sumos, de Judith Millidge, da Editorial Estampa;
7 - Anti-Cancro: Um Novo Estilo de Vida, de David Servan-Schreiber, editado pela Caderno;
8 - Recomendações Alimentares para o Doente Oncológico do Primo António (sebenta que desconheço sua publicação ou autor);
9 - Padre Pio: Um Santo Entre Nós, de Renzo Allegri, editado pela "Paulinas" (Instituto Missionário Filhas de S. Paulo), livro este de apoio espiritual a quem, não tendo a doença no corpo, nos acompanha e vive com outro peso nem por sombras menor que o nosso)
DICAS FINAIS
Como referi, alguns dos principais problemas que atravessamos passam pela dificuldade na alimentação e na falta de apetite.
Uma ajuda importante prende-se com o "arejamento" global da área onde nos instalamos, pois qualquer aroma mais intenso poderá desencadear em nós uma crise de enjôo. Assim, evitar áreas culinárias (durante a sua confecção), zonas de detergentes (ex: corredores dos supermercados), etc. poderá evitar-nos alguns contratempos;
Beber muita água (1,5 a 2 lts por dia), para ajudar os rins a filtrar-nos os químicos do sangue. Se sentirem alguma dificuldade em beber tanta água, poderão fazer chá verde, de uma segunda água (primeira fervura, durante 1 minuto, bebendo-se a água de uma segunda fervura, após mais 5 minutos de infusão das mesmas ervas);
Evitar açúcares (fonte primordial de alimentação das células cancerígenas, no seu crescimento exponencial. É, aliás, graças a esse fenómeno que surgiu a técnica do PET...) e outros produtos refinados;
Durante os tratamentos, evitar comer qualquer tipo de carne (aguardar pelo menos 5 dias após recebermos a quimioterapia - no meu caso, que faço de 2 em 2 semanas, durante aproximadamente 49 horas cada tratamento). Sempre que como carne, apostamos fundamentalmente em costeletas de borrego, vitela (riquíssimas para recuperação da hemoglobina) ou carnes de aviário (ditas "brancas");
Muita coisa fica por dizer, dada a complexidade do problema (e, claro, o facto de não sermos nenhuns expertees. No entanto, deixo o meu contacto, para todos aqueles que desejem trocar impressões ou sugestões: fmjmagico@gmail.com/ Até lá, não esqueçam. O grande segredo está na NOSSA ATITUDE!!! Que o nosso Deus (seja Ele qual for) esteja connosco e nos ajude a acreditar sempre no MILAGRE!...
Fiquem bem e assumam sempre esta atitude!
Irei seguidamente descrever algumas das fases mais importantes por que passamos em todo este processo.
FASE 1 - A DESCOBERTA DA DOENÇA ONCOLÓGICA
Esta é uma das fases mais complicadas quer para o doente quer para os seus familiares mais directos. Toda a gente fala que um primeiro passo para a cura de um cancro passa pela sua detecção precoce. Infelizmente, tal nem sempre é possível, até porque esta é uma doença chamada de "silenciosa", pois ataca-nos sem aviso prévio ou grandes sinais reveladores. É verdade que, estando atentos, poderemos desconfiar de algo. Mas a realidade é bem diferente! Nunca acreditamos que connosco tal estará a acontecer, e sempre acreditamos que nada se passa.
Por exemplo, no meu caso, a detecção foi efectuada por uma colonoscopia que realizei apenas para assegurar que a minha "maridona" a fosse realizar. Ou seja, desconfiado de algo de mau nela, procurámos dar força um ao outro e fomos os dois (apesar dela se ter apercebido de algumas alterações funcionais em mim, mas isso apenas pela enorme cumplicidade que sempre tivemos... e eu, confesso, não me apercebia delas). Por exemplo: suores noturnos, a ponto de me mudar de camisolas interiores 3 vezes por noite, completamente encharcadas; ou a dificuldade no acto de defecar, com a sensação de "não alívio" sistemático; o aparecimento de "manchas escuras" nas fezes, que parecia sangue e que o teste de detecção de "sangue oculto" deu sempre como negativo... Resultado: felizmente ela estava bem e eu tinha um enorme pólipo quase a obstruir o intestino. Sorte? Sim, foi... Mais algum tempo e teria sido tarde de mais!
Depois de descobrirmos que algo de mau estaria ali no meu intestino, entrámos na Fase 2.
FASE 2 - COMO É POSSÍVEL ESTAR A ACONTECER COMIGO?
Esta é a fase da incredulidade. "Não! Isto não pode estar a acontecer... Porquê eu?" Quando nos é confirmado o diagnóstico de um tumor, parece que o mundo nos desaba em cima. Aqueles primeiros momentos são de verdadeiro terror e de pânico. É aqui que deveremos buscar todas as forças a tudo o que nos rodeia - o/a companheiro/a, os amigos, a beleza da vida, a magnificência da Natureza... Tudo serve. Basta pensarmos: não! Ainda não pode ter chegado a minha hora, pois ainda temos muito para usufruir e oferecer à VIDA! Entramos, pois, na Fase 3.
FASE 3 - A REACÇÃO
No meu caso, ainda sem saber se o pólipo seria maligno, foi-nos logo indicado que teria que sofrer cirurgia para remover, dada a sua dimensão. Era hora de reagirmos à notícia. O primeiro passo sugerido é o de procurar pessoas que tenham passado por experiências análogas, a fim de nos darem os seus conselhos e sugestões. Destes contactos rapidamente se avança para o inevitável - encontrar o mecanismo mais rápido e eficaz para nos ajudar a passar à fase seguinte. E aqui RAPIDEZ pode ser palavra chave. A minha sugestão passa sempre por tentar várias opções - idealmente um IPO, dada a sua especialização no tema, ou um Hospital Distrital que abarque a especialidade do nosso tumor. Poderemos também sempre tentar hospitais privados, desde que tenhamos dinheiro para suportar as despesas e sempre que os públicos nos demorem demasiado a consultar e tratar. E, como disse antes, aqui a RAPIDEZ do processo pode ser (é!) crucial... Entramos, pois, na Fase seguinte.
FASE 4 - A LUTA
Esta é a fase principal de todo o processo - aquela que dita a nossa salvação (e reparem que não coloco a hipótese de "algo correr mal"! Isso é coisa que nunca, repito: NUNCA! nos pode passar pela cabeça. Pensamento positivo é a nossa missão. Os médicos deverão realizar a sua tarefa, os medicamentos a sua função e nós a nossa - ACREDITAR SEMPRE!
Entramos, pois, na fase da LUTA sem tréguas ao nosso mal. Para isso deveremos confiar na ciência médica, acreditar que eles farão o seu melhor por nós e avançar para os passos seguintes. No meu caso, acreditava-se que seria uma operação relativamente simples e rápida. Mas a verdade era mais cruel - o tumor havia trespassado as paredes do intestino e estava já aderente à bexiga, por detrás da mesma, facto que não tinha sido detectado pelos exames previamente feitos. Daí avançar para a quimioterapia de remissão, na busca de "zona de cisão", para poder ser operado.
FASE 5 - A SORTE
Pois é! A sorte também entra na nossa luta. Eu tive a sorte de ter ido parar às mãos das pessoas certas! O cirurgião, Dr. José Avelino, verificou o meu estado e, em vez de simplesmente cortar e retirar-me parte do intestino e também parte da bexiga, decidiu que eu deveria ter qualidade de vida. Assim, após a primeira cirurgia, "enviou-me" para a oncologia médica, para os tratamentos de quimioterapia, para que estes me reduzissem a sua dimensão e assim poder efectuar uma segunda cirurgia, esta sim de remoção.
Aqui novamente tive "a sorte" de ir parar às mãos daquela que é ainda hoje a minha oncologista, a Dra. Margarida Teixeira, e já irão perceber porquê. Numa primeira fase do tratamento, a Dra. Margarida optou por iniciar o tratamento com FOLFIRI, decisão que se justificou ter sido acertada, pois ao final de 6 tratamentos, a TAC e uma RM (respectivamente Tomografia Axial Computadorizada e Ressonância Magnética) confirmaram que o tumor havia regredido e que seria possível a operação. 3 tratamentos posteriores e a mesma aconteceu, com sucesso!
Segui para uma nova fase de tratamentos, com a escolha a recair, desta vez, no FOLFOX, e mais uma vez o papel da Dra. Margarida foi preponderante, ao assumir a continuidade dos tratamentos. Ela não desistiu de mim e a prova aqui está - continuo aqui, entrando na nova Fase.
FASE 6 - O ACOMPANHAMENTO POSTERIOR
Se todas as fases descritas são importantes, esta não o é menos. Afinal, esta "doença silenciosa" não é normal, e quando se diz que a cirurgia foi "curativa" não tem o significado que poderemos pensar - não estamos curados! Daí que deveremos ser acompanhados nos anos seguintes, sempre atentos aos valores e sinais que o nosso corpo nos vai revelando, e que nem sempre serão suficientes para nos apercebermos e vencermos em definitivo a doença. Esta fase é também crucial, pois depois de muitos meses (anos mesmo) em que a nossa vida regressa à (aparente) normalidade, subitamente poderemos descobrir que algumas das células que se foram mantendo no nosso corpo, quase inertes, despertam para a sua actividade anormal de crescimento (proliferação descontrolada), formando um novo tumor no mesmo ou noutro orgão qualquer do nosso corpo. E aqui a detecção pronta volta a ser decisiva.
Mais uma vez tive a sorte de, em vez de apenas exames de rotina (como a análise ao sangue e respectivos marcadores tumorais, ou apenas um RX), a minha oncologista solicitou um novo TAC, quase 2 anos depois da minha "operação curativa", que revelou um novo foco tumoral no pulmão direito, comprovado posteriormente por um novo exame: uma PET (Tomografia por Emissão de Positrões, no Inglês, e que também já aqui referi, numa publicação anterior). Ou seja, em vez de receber a mensagem "vamos alargar o tempo de controlo pois já passaram os primeiros 2 anos", recebi a notícia "vamos começar novo processo, pois apareceu um novo cancro" (ou, no meu caso, uma metástase resultante do primeiro).
E pronto, cá estou eu novamente a atacar esta doença, com a força da Fé, da Confiança, dos Amigos e da Esperança em como iremos vencer!
FASE COMPLEMENTAR - A ALIMENTAÇÃO!
Por último, e durante todas estas fases, há algo que também ocorre com praticamente todos os doentes oncológicos, em tratamento de quimio ou radioterapia - a imunodepressão!
E que é isto? Bom, resumidamente consiste no facto dos fármacos (ou a radioterapia) nos "atacarem" também as células essenciais ao nosso sistema imunitário, que nos protegem das inúmeras agressões que, do exterior, sempre procuram invadir-nos o corpo, e com isso ficarmos muito mais expostos a doenças ou infecções.
Outro problema prende-se com os sintomas que os tratamentos nos provocam. Enjôos, vómitos e vários outros sintomas que nos retiram o apetite e nos fazem descurar a alimentação. Só que esta é F U N D A M E N T A L para recuperarmos os valores que se vão abaixo ou, mais simplesmente, para nos protegerem os orgãos que facilmente poderão colapsar com os tratamentos (fígado, rins, coração...).
Aqui a minha maridona desempenhou um papel preponderante - a leitura e a pesquisa constante de informação selectiva, pois há imeeeeeeeensa informação na internet, mas também com o contacto que fez a uma excelente nutricionista especializada nos alimentos adequados aos doentes oncológicos (e que, sem ainda hoje conhecermos pessoalmente, nos prestou sempre ajuda por e-mail, e a quem deixo também aqui, hoje e agora, o meu muito obrigado - Dra. Paula Ravasco), e a literatura que foi procurando e adquirindo.
E com esta literatura conseguiu sempre ajudar-me a não ter "aquele aspecto de um doente oncológico" (cor amarelada, ar de subnutrição, ...), conseguindo ainda ajudar-me a recuperar de valores bem abaixo dos mínimos (exemplo: hemoglobina de 10,1 para os actuais mais de 14! E já com mais de 880 horas de quimio!). Conseguiu ainda ajudar-me a recuperar da intoxicação do fígado, ou da fraqueza que o músculo cardíaco estava a adquirir, com a continuidade dos tratamentos...
Assim, e para ajudar todos aqueles, doentes, familiares ou amigos, eis aqui uma lista dos principais livros que fomos seguindo ao longo deste processo. Que os mesmos vos ajudem como me têm ajudado a mim!
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA PARA AJUDA:
1 - Alimentos Contra o Cancro, de Dr. Richard Béliveau e Dr. Denis Gingras, editado pela Guerra e Paz, Editores SA.;
2 - Top 100 Alimentos para o Sistema Imunitário, de Charlotte Haigh, editado pela Sinais de Fogo;
3 - Guia dos Alimentos Vegetais, de Jean-Claude Rodet, editado pela Gradiva;
4 - O Livro Médico dos Remédios Caseiros para Prevenir Doenças, de coordenação de Hugh O'Neill, editado pelo Círculo de Leitores;
5 - O Poder Curativo dos Alimentos, de Michael T. Murray, também do Círculo de Leitores;
6 - Manual de Preparação de Sumos, de Judith Millidge, da Editorial Estampa;
7 - Anti-Cancro: Um Novo Estilo de Vida, de David Servan-Schreiber, editado pela Caderno;
8 - Recomendações Alimentares para o Doente Oncológico do Primo António (sebenta que desconheço sua publicação ou autor);
9 - Padre Pio: Um Santo Entre Nós, de Renzo Allegri, editado pela "Paulinas" (Instituto Missionário Filhas de S. Paulo), livro este de apoio espiritual a quem, não tendo a doença no corpo, nos acompanha e vive com outro peso nem por sombras menor que o nosso)
DICAS FINAIS
Como referi, alguns dos principais problemas que atravessamos passam pela dificuldade na alimentação e na falta de apetite.
Uma ajuda importante prende-se com o "arejamento" global da área onde nos instalamos, pois qualquer aroma mais intenso poderá desencadear em nós uma crise de enjôo. Assim, evitar áreas culinárias (durante a sua confecção), zonas de detergentes (ex: corredores dos supermercados), etc. poderá evitar-nos alguns contratempos;
Beber muita água (1,5 a 2 lts por dia), para ajudar os rins a filtrar-nos os químicos do sangue. Se sentirem alguma dificuldade em beber tanta água, poderão fazer chá verde, de uma segunda água (primeira fervura, durante 1 minuto, bebendo-se a água de uma segunda fervura, após mais 5 minutos de infusão das mesmas ervas);
Evitar açúcares (fonte primordial de alimentação das células cancerígenas, no seu crescimento exponencial. É, aliás, graças a esse fenómeno que surgiu a técnica do PET...) e outros produtos refinados;
Durante os tratamentos, evitar comer qualquer tipo de carne (aguardar pelo menos 5 dias após recebermos a quimioterapia - no meu caso, que faço de 2 em 2 semanas, durante aproximadamente 49 horas cada tratamento). Sempre que como carne, apostamos fundamentalmente em costeletas de borrego, vitela (riquíssimas para recuperação da hemoglobina) ou carnes de aviário (ditas "brancas");
Muita coisa fica por dizer, dada a complexidade do problema (e, claro, o facto de não sermos nenhuns expertees. No entanto, deixo o meu contacto, para todos aqueles que desejem trocar impressões ou sugestões: fmjmagico@gmail.com/ Até lá, não esqueçam. O grande segredo está na NOSSA ATITUDE!!! Que o nosso Deus (seja Ele qual for) esteja connosco e nos ajude a acreditar sempre no MILAGRE!...
Fiquem bem e assumam sempre esta atitude!
1 Comments:
Olá Filipe não sei se posso tratá-lo assim porque tenho mais alguns aninhos "são só 52" e quero chegar aos noventa e nove como a minha avozinha que só nos deixou há dois anos.Em relação ao que escreveu sobre doenças oncológicas foi bastante importante para mim porque como percebeu no meu comentário anterior eu estou na minha quinta quimio. vou fazer a sexta no dia 25 e a minha médica diz que é a ultima espero que seja mas vou confessar que estou com medo,"não diga a ninguém por favor" eu de vez em quando armo-me em VALENTONA acho que todos nós fazemos isso não?Agradeço do fundo do meu coração os esclarecimentos e peço a DEUS que lhe dê muita saude para continuar a poder falar comigo.Não sei mas já percebeu de certeza que percebo pouco destas tecnologias mas vou tentando com um filho maravilhoso que tenho aqui ao meu lado para poder falar consigo porque me faz muito bem por agora vou agradecer perder algum tempo comigo e enviar-lhe um grande beijo repartido pela sua querida MARIDONA um até breve manuela
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